1. Submissão e Contexto Inicial
A peça “O Casamento do Pequeno Burguês”, escrita por Bertolt Brecht e traduzida por Luiz Antônio Martines Corrêa, foi submetida ao Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP) em 1971, com a intenção de ser montada pelo grupo teatral Teatro Oficina. A solicitação de censura foi registrada em janeiro de 1971, com o pedido formal para que a peça fosse aprovada para exibição.
2. Avaliação e Justificativas de Censura
A peça foi analisada sob uma ótica crítica e social, abordando questões relacionadas à classe média e seus valores, em uma tentativa de desconstruir a ideologia burquesa. Alguns dos aspectos que chamaram a atenção dos censores incluem o conteúdo crítico à sociedade, abordando questões como o conformismo, a moral burguesa e os problemas familiares.
O teor da peça e a forma como ela questiona instituições sociais, especialmente a instituição do casamento e a moralidade burguesa, foram avaliados como potencialmente subversivos. Isso resultou em uma classificação rigorosa e restrição de acesso, sendo a peça considerada inadequada para menores de 18 anos.
3. Relatórios e Solicitações de Acompanhamento
O relatório da censura foi claro em sua solicitação para que a peça fosse cuidadosamente acompanhada, uma vez que os temas discutidos poderiam ser interpretados como uma forma de crítica direta ao sistema vigente e aos valores familiares da classe média.
O Teatro Oficina foi instruído a seguir rigorosamente as orientações e a ajustar partes do conteúdo, caso necessário, para garantir que o espetáculo não ultrapassasse os limites do aceitável para o público.
4. Revisões e Decisões de Liberação
Apesar das críticas presentes na peça, a censura autorizou sua exibição após os ajustes necessários. A peça, no entanto, foi liberada com uma classificação etária de 18 anos, devido ao seu conteúdo adulto, com linguagem que poderia ser considerada vulgar ou inadequada para o público mais jovem.
5. Pareceres dos Censores
Os censores observaram que “O Casamento do Pequeno Burguês” poderia ter um impacto psicológico no público, uma vez que critica abertamente os valores morais da classe média, sugerindo que os protagonistas são, em sua maioria, hipócritas e comprometidos com valores antiquados. A peça questiona a autoridade do patriarca da família e as expectativas que a sociedade impõe aos casamentos, especialmente em relação à classe média.
6. Resumo do Primeiro Parecer
O primeiro parecer destacou que a peça não apenas expunha a hipocrisia social, mas também questionava os fundamentos do casamento e da moral burguesa. Isso foi considerado perturbador para as normas sociais da época. A censura classificou a peça como imprópria para menores de 18 anos, autorizando sua exibição somente após ajustes nas passagens mais críticas, caso necessário.
Conclusão
O processo de censura de “O Casamento do Pequeno Burguês” refletiu a vigilância e controle social da ditadura militar sobre produções culturais que questionavam as normas e instituições estabelecidas. Embora a peça tenha sido autorizada a ser apresentada, ela foi sujeita a restrições rigorosas e acompanhamento constante, especialmente em relação à linguagem e temas tratados.
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