O Apocalipse ou O Capeta de Caruaru

Peça: O Apocalipse ou O Capeta de Caruaru
Autor: Aldomar Conrado
Data de Censura: 21 de março de 1977
Classificação Inicial: Impróprio para menores de 18 anos

1. Submissão e Contexto da Peça

A peça “O Apocalipse ou O Capeta de Caruaru” foi enviada para análise do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP) em 1977, sendo avaliada com a classificação inicial de imprópria para menores de 18 anos. O conteúdo da peça envolvia uma série de eventos surreais e dramáticos, com uma atmosfera de mistério e crítica social implícita.

A história é marcada pela presença de bruxas, ciganos e acontecimentos inexplicáveis, como a aparição de um cavalo com cabeça humana, que geram um clima de tensão e estranheza, com questionamentos sobre o destino dos habitantes de Caruaru.

2. Avaliação e Restrições Iniciais da Censura

A censura inicial focou em aspectos de potencial subversão e sensacionalismo. De acordo com os pareceres, a peça poderia ser vista como uma representação negativa de questões sociais e políticas. As bruxas, personagens que conduzem grande parte da trama, são descritas como figuras de vingança e caos, simbolizando uma crítica implícita à estrutura social. Também foi observada a linguagem direta e a exploração de temas como corrupção e injustiça.

3. Relatórios e Solicitações de Acompanhamento

A peça foi aprovada, mas com a necessidade de revisão contínua. A censura exigiu que o texto fosse reavaliado nos ensaios gerais, assegurando que as modificações fossem feitas conforme os critérios estabelecidos. Cortes em determinados trechos foram solicitados para remover passagens consideradas demasiado agressivas, especialmente nas interações entre personagens e nas cenas de violência implícita.

4. Revisões e Decisões de Liberação

Após os ajustes sugeridos, a peça foi liberada para exibição pública com a condição de que fosse realizada uma nova avaliação do ensaio geral. A censura solicitou cortes adicionais para minimizar o impacto da violência verbal e das cenas sensíveis.

5. Pareceres dos Censores

Os censores consideraram a peça como sendo, em grande parte, uma alegoria política. As bruxas foram interpretadas como representações das forças desestabilizadoras na sociedade, capazes de incitar e manipular os cidadãos. A peça foi, portanto, avaliada como sendo subversiva, embora de uma maneira mais indireta e através do uso de metáforas e humor negro.

6. Resumo do Primeiro Parecer

A obra foi considerada potencialmente perigosa para o público mais jovem devido aos seus elementos surrealistas e à presença de personagens que questionam as normas sociais estabelecidas. Contudo, a censura não interveio de forma drástica, permitindo a exibição da peça com as devidas modificações e mantendo uma classificação restrita para maiores de 18 anos. A peça recebeu a aprovação com observações específicas para o acompanhamento de sua execução, incluindo a necessidade de revisões periódicas e de cortes.

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