O Castelo de Mulumi

Relatório de Censura – “O Castelo de Mulumi” (Jurandir Pereira)

1. Submissão e Contexto da Peça

A peça foi submetida para avaliação no Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP) e foi proposta para exibição pública no Auditório Araújo Vianna em Porto Alegre, a partir de fevereiro de 1970. O pedido foi feito por Maria de Lourdes Anagnostopoulos, que solicitou a liberação da peça que, sendo infantil, tinha um forte apelo educacional, embora a narrativa fosse permeada por elementos de crítica e fantasia.

2. Classificação e Justificativas da Censura

A peça foi aprovada sem grandes modificações, sendo classificada para um público livre, com o intuito de ser apresentada como uma peça infantil que retratava questões universais de poder, governo e identidade em um cenário mágico e imaginativo. Não foram mencionadas restrições significativas relacionadas ao conteúdo, com exceção da atenção que a direção de encenação teria que manter sobre certos aspectos do comportamento e da linguagem nos diálogos, para que o tom infantil e lúdico da peça fosse mantido.

3. Elementos e Temática da Peça

A peça gira em torno de um castelo fictício e de seus personagens principais: Piretsim, o arrumador do castelo; Reizinho, um rei de mil anos de idade; Mestre Coruja, o relógio real; e Assombração, uma estudante que aprende lições de vida de maneira bem-humorada e inocente. A narrativa é uma representação simbólica dos papéis de autoridade e subordinação, com os personagens tentando entender seu papel dentro de um sistema hierárquico onde o rei, após mil anos, encara a chegada de um novo rei.

4. Processo de Censura

O conteúdo da peça foi cuidadosamente analisado por sua natureza humorística, que envolvia uma mistura de elementos de fantasia e críticas indiretas ao poder. Embora não houvesse uma acusação direta contra as instituições políticas ou sociais, a forma como o novo rei era retratado e a subordinação do Reizinho, ao ser desafiado por outros personagens (como o Mestre Coruja), gerava uma atmosfera de questionamento sobre os paradigmas de autoridade.

5. Pareceres dos Censores

Os censores não encontraram elementos subversivos evidentes na peça, classificando-a como adequada para todos os públicos. A análise concluiu que a peça tinha um tom lúdico, sem incitar qualquer comportamento subversivo ou desafiador. Portanto, não houve imposição de cortes significativos, sendo a peça aprovada sem modificações substanciais.

6. Conclusão

“O Castelo de Mulumi” foi aprovada para exibição pública com classificação livre, destacando-se como uma peça infantil de caráter educativo e lúdico. A abordagem do poder e das figuras de autoridade foi interpretada mais como uma fantasia cômica e inofensiva do que como uma crítica direta ao sistema político da época. A peça foi liberada para a exibição em várias localidades, incluindo Porto Alegre, onde sua estreia ocorreu conforme o planejado.

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