TODA DONZELA TEM UM PAI QUE É UMA FERA (1969)

A peça “Toda Donzela Tem Um Pai Que É Uma Fera”, uma comédia escrita por Gláucio Gill, explora de forma satírica os conflitos entre gerações, moralidade e as rígidas concepções de respeito. O enredo gira em torno de Joãozinho, um jovem de “bons princípios”, que se vê em um embate cômico com o pai de sua namorada, um general furioso. Com a ajuda de seu amigo Porfírio, Joãozinho enfrenta uma série de mal-entendidos e situações hilárias, que conduzem a narrativa, oferecendo uma reflexão leve e bem-humorada sobre os valores familiares tradicionais.

Os censores descreveram a peça como uma sátira que, embora acessível e com uma linguagem amena, abordava temas de moralidade e respeito de forma crítica, o que justificou uma classificação para maiores de 18 anos. Apesar do humor predominante, a análise censória indicou que as situações representadas poderiam ser inadequadas para audiências jovens, considerando o contexto moral defendido pelo regime militar. A peça, ainda que não utilizasse linguagem vulgar ou explícita, explorava nuances que desafiavam as concepções rígidas de comportamento e autoridade representadas pelo general.

Ao longo de sua trajetória, a peça foi submetida a múltiplas solicitações de autorização para apresentações em diferentes cidades, incluindo Santa Maria (RS), São Paulo (SP) e Natal (RN). Cada uma das solicitações reforçou a necessidade de restrição etária para menores de 18 anos, com a justificativa de que, embora divertida, a peça tratava de temas que poderiam exigir maior maturidade do público. A SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) esteve envolvida em diversas reavaliações, buscando assegurar a conformidade da obra com as normas vigentes e possibilitar sua circulação nacional.

A avaliação final foi conduzida pelo censor Antonio de Pádua Carvalho Alves, que recomendou a liberação da peça com restrições para menores de 18 anos, condicionada à análise de um ensaio geral para garantir que o conteúdo estivesse alinhado aos padrões morais exigidos. O parecer também exigia que a peça fosse acompanhada de um certificado oficial e do script original carimbado pela seção de censura, assegurando que eventuais modificações ou interpretações não autorizadas fossem evitadas.

O certificado final, devidamente assinado e validado, permitiu que a peça fosse encenada em diferentes localidades, desde que obedecidas as condições impostas. As apresentações permaneceram sob vigilância da censura, assegurando que o humor e a leveza da obra não ultrapassassem os limites estabelecidos pelas autoridades.

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